domingo, 18 de novembro de 2012

Poucas chances para a paz -ADRIAN HAMILTON


Há uma explicação simples para a decisão de Israel de aumentar a aposta em Gaza. É só porque tem superioridade militar e sabe que não haverá consequências, ao menos em termos internacionais.

Barack Obama virou para o lado, dizendo que mais ou menos entende por que Israel está fazendo isso, mas que esperava que eles tentariam evitar mortes de civis. O chanceler britânico William Hague deixou claro qual o lado que a Grã-Bretanha escolhera, declarando que “o Hamas tem a responsabilidade maior pela atual crise”. Mesmo o Egito, ao condenar o ataque israelense, foi cuidadoso na resposta, uma vez que não são poucos os palestinos em Gaza que gostariam de ver o Hamas receber uma derrota humilhante.

A única consequência real foi a morte de três israelenses. Mas isso também poderia servir aos propósitos do premier Benjamin Netanyahu. Quanto mais o conflito se agravar, mais dura será a resposta israelense e mais Israel vai se sentir como uma nação atacada a dois meses de o premier enfrentar uma eleição.

E assim a coisa segue, como quando Israel desistiu da ocupação da Faixa de Gaza em 2005. E assim vai continuar a ser, sem dúvida, por um longo tempo. Isso porque, apesar de toda a dor, um grau de hostilidade relativamente baixo é tolerável e mesmo politicamente bom para ambos os lados. Com a paz, o apoio ao Hamas pode cair entre os palestinos desesperados por um futuro melhor. Com guerra, eles vão se juntar ao Hamas como a única organização capaz de enfrentar Israel. Mas a paz também não é interesse de Israel, que desistiu da ocupação de Gaza não porque queria uma Palestina separada viável, mas porque sabia que não poderia continuar a ocupação direta de um povo que poderia ultrapassá-lo em tamanho. Controlar as fronteiras, frear o comércio, matar líderes é uma forma de ocupação por outros termos. O conflito contínuo em Gaza ajuda a garantir que a divisão entre a Autoridade Nacional Palestina e o Hamas aumente e que a perspectiva de um Estado palestino viável fique cada vez mais distante.

Lançar bombas também é útil para um governo que cada vez mais enfrenta isolamento com a Primavera Árabe, a eleição de um presidente da Irmandade Muçulmana no Egito a um Hamas que recebeu apoio e visita do chefe do Qatar. Uma escalada de hostilidades neste momento coloca um ponto final em qualquer pressão por negociação sobre a Palestina. Obama pode ser simpático à ideia de renovar as conversas, mas ele não vai intervir quando não há possibilidade de sucesso.

Para que haja uma chance de paz, são necessários um Israel que a queira e uma Palestina unida o suficiente para dá-la. Não há muita chance de nenhuma das duas coisas ocorrerem. O que está mudando é o contexto internacional. Quando os palestinos forem à ONU no fim do mês buscar um status de observador, Israel vai perceber que tem poucos amigos e menos ainda que o apoiem com entusiasmo. Atacar Gaza não vai ajudar em nada.

Adrian Hamilton é colunista do “Independent”

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